Evento sobre formação jurídica enche Sala da Congregação

A mesa de debate “Formação jurídica para que(m): currículo e empregabilidade” aconteceu na sala da Congregação da Faculdade de Direito, na noite de sexta-feira (31/03) e reuniu cerca de 50 pessoas. O evento, organizado pelo grupo “PPC, que diabéisso?”, Clínica de Combate à Superexploração do trabalho (CCST-UFBA), Coletivo Madás e Núcleo de Assessoria Jurídica do SAJU (NAJUP), contou também com Sarau com atrações artísticas, sorteio de livros e lanche, no Espaço das Artes.

Compuseram a mesa a Profa. Germana Pinheiro, o Prof. João Victor Marques, o Prof. Jonnas Vasconcelos, Luiz Expedito e, na condição de mediadora, Juliana dos Anjos. Com exceção do professor da casa Jonnas e da graduanda Juliana, todos se graduaram em direito na UFBA e retornaram à sua alma mater para discutir a relação entre currículo do curso, inserção e transformações do mercado de trabalho sob perspectivas críticas.

Temas como curricularização da extensão, racismo e sexismo no mercado de trabalho e na Universidade foram abordados pelos participantes do debate. O Prof. Jonnas Vasconcelos chamou atenção para os benefícios da pesquisa na formação, mesmo para aqueles estudantes que não pretendem seguir carreira acadêmica, e para a injustiça que é não poder desenvolver estas atividades.

Sobre inserção no mercado de trabalho, o palestrante Luiz Expedito expôs como sua atuação profissional no serviço público lhe exigiu letramento em questões raciais, para que pudesse reconhecer violências e atuar em defesa de si mesmo e de outros. A professora Germana Pinheiro também destacou essa necessidade e falou sobre as desigualdades que enfrentou quando era uma aluna da graduação, mulher, negra e pobre, além dos preconceitos que enfrenta ainda hoje, na condição de advogada e coordenadora do curso de Direito da UCSal.

Nesse sentido, Prof. João Victor Marques relembrou a implementação das cotas sociais e raciais na Faculdade de Direito, quando um professor reprovou em massa os estudantes da primeira turma de cotistas. Esse fato parece indicar a continuidade de uma mentalidade eugenista, como a presente em artigo da revista do Colegiado, da década de 30, recuperado criticamente por Luiz Expedito.

Ficou evidenciado que a reestruturação do Plano Político-Pedagógico do Curso é uma oportunidade singular para romper com tradições excludentes e pouco formativas que perduram na Faculdade de Direito. Assim, poderá ser inaugurado um período de excelência acadêmica, com um currículo marcado pelo desenvolvimento de atividades extensionistas e de pesquisa, e por uma flexibilidade que observe a pluralidade do alunado. Um currículo que prepare os estudantes para o mercado de trabalho e os capacite para atuar como agentes socialmente responsáveis, em defesa do interesse público, fundamento da Universidade Federal da Bahia.